terça-feira, 25 de maio de 2010

A LEITURA

“A leitura é sempre apropriação, invenção, produção de significados. (...) Apreendido pela leitura, o texto não tem de modo algum – ou ao menos totalmente - o sentido que lhe atribui seu autor, seu editor ou seus comentadores. Toda história da leitura supõe, em seu princípio, esta liberdade do leitor que desloca e subverte aquilo que o livro lhe pretende impor.”


Origem e Importância da Leitura
Desde os primórdios da civilização o homem busca habilidades que lhe tornem mais útil a vida em sociedade e que lhe possam tornar mais feliz. A criação de mecanismos que possibilitassem a disseminação de seu conhecimento tornava-se um imperativo de saber/poder, que ensejava respeito e admiração pelos companheiros de tribo.
Daí o surgimento das inscrições rupestres, simbologia, posteriormente e num estágio mais avançado das civilizações, os hieróglifos e as esculturas que denotavam sua própria e mais nobre conquista: a conquista de ser.
Nesse contexto surge a escrita e a leitura como imanentes à própria história da civilização.
A criação dessa disponibilidade, que chamamos escrita e leitura, cria outras disponibilidades, pois ela é a básica, dela provém as demais. Através da leitura e da escrita o homem conseguiu estreitar os laços de afetividade com seus semelhantes, harmonizar os interesses, resolver os seus conflitos e se organizar num estágio atual da civilização, com a abstração a que nominamos “Estado”. O homem se organizou politicamente.
Mas voltando-nos ao campo do conhecimento humano, que é o que por ora nos interessa, o mito poético que sempre embalou o homem, a fantasia dos deuses, descortinaram as portas do saber, originando a busca da informação, do saber humano, do seu prazer.
Com o desenvolvimento da linguagem, a força das mensagens humanas aperfeiçoou-se a tal ponto ser imprescindível à sua própria existência. A busca do conhecimento tornou-se imperativa para novas conquistas e para o estabelecimento do homem como ser social, como centro de convergência de todos os outros interesses.
Na busca desse conhecimento, que se perpetua ao longo da história da civilização, percebe-se que quanto mais cedo o homem iniciar, mais cedo germinará bons f resultados. Ou seja, a infância como uma fase especial de evolução e formação do ser, deve despertar-lhe para este mundo, o mundo da simbologia, o mundo da leitura.
No dizer de Bárbara Vasconcelos de Carvalho:

O conto infantil é uma chave mágica que abre as portas da inteligência e da sensibilidade da criança, para sua formação integral. O que fez andersen o grande escritor universal e imortal foram as estórias ouvidas quando criança.”

Por outras palavras, a imaginação humana é imperiosa para a construção do conhecimento, e conhecimento também é arte, daí a importância da Educação Infantil para enriquecer essa imaginação da criança, oferecendo-lhe condições de liberação saudável, ensinando-lhe a libertar-se no plano metafísico, pelo espírito, levando-a a usar o raciocínio e a cultivar a liberdade e o hábito da leitura.
Nessa caminhada na construção do conhecimento humano, não é de se olvidar a relatividade da importância dos livros didáticos, muitas vezes o único acesso disponível para a maioria do público infantil, sobre o que passaremos a discorrer nas próximas linhas.

Escola e Leitura

No que se refere à Escola e aos objetivos da leitura ou ao “Para que ler na escola?”, pode-se afirmar que ainda não existe nos currículos conhecidos e analisados, uma concretização de um pressuposto geral básico, qual seja, o da articulação entre a função social da leitura e o papel da escola na formação do leitor. Se dimensionarmos essa função social como sendo a necessidade do conhecimento e a apropriação de bens culturais, a leitura funciona, em certa medida, um meio e não um fim em si mesma. Daí a importância do papel da escola em relação à leitura, que é o de oferecer aos alunos mecanismos e situações em que eles “aprendam a ler e, lendo, aprendam algo”.
Oportuna a citação:
“ A escola precisa ser um espaço mais amplamente aberto a todos os aspectos culturais do povo, e ir além do ensinar a ler e a fazer as quatro operações. Precisa investir em bons livros, considerando que a cultura de um povo se fortalece muito pelo prazer da leitura; e a escola representa a única oportunidade de ler que muitas crianças têm. É necessário propiciar nas salas de aula e na biblioteca a dinamização da cultura viva, diversificada e criativa, que representa o conjunto de formas de pensar, agir e sentir do povo brasileiro.” (BRAGA,1985,P.7)

O conceito básico de leitura, nesse contexto, passa ser então a “produção de sentido”. Essa produção de sentido, por consegüinte, é determinada pelas condições socioculturais do leitor, com os seus objetivos, seus conhecimentos de mundo e de língua, que lhe possibilitarão a leitura.
Nesse sentido, a construção do conhecimento, segundo entendimento de alguns autores como elemento principal, se efetivará pelo hábito da leitura, uma vez inserida e enfatizada no contexto escolar. Afinal, é principalmente através da leitura que os alunos poderão encontrar respostas aos seus questionamentos, dúvidas e indagações, mormente no que concerne aos caminhos por onde permeiam na construção do seu conhecimento, e não apenas vinculados e adstritos a uma metodologia tradicional.




“Com as palavras não aprendemos senão palavras; antes, o som e o ruído das palavras, porque, se o que não é sinal não pode ser palavra, não sei também como possa ser palavra, aquilo que ouvi pronunciado como palavra enquanto não lhe conhecer o significado. Só depois de conhecer as coisas se consegue, portanto, o conhecimento completo das palavras.”
(Sto. Agostinho: De Magistro)
http://espejos.unesco.org.uy/simplac2002/Ponencias/SIMPLAC/SL028.doc

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